Não obstante a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada no ano passado, proíba o descarte de eletrônicos em áreas ambientalmente vulneráveis e comprometa os fabricantes a recolher os produtos descartados pelos consumidores, e a encontrar soluções ambientalmente corretas para a sua disposição final, ainda são poucas as empresas e organizações que se profissionalizaram na reciclagem deste tipo de resíduos.
O resultado é que o grosso dos equipamentos eletrônicos inutilizados acaba em lixões e aterros, quando não é recolhido em “ferro-velhos”, nos quais se procede – em condições de trabalho precárias – à separação dos componentes que seguem na direção da China e da Índia, principais importadores do chamado e-lixo. Neste caso, aos acidentes e riscos ambientais no trabalho de triagem dos materiais reaproveitáveis somam-se os impactos ambientais causados pela contaminação da água por metais tóxicos (entre os quais chumbo, cádmio, cromo e mercúrio) provenientes da lixiviação dos componentes eletrônicos.
Projeto Recicl@tesc: Se é possível reciclar, pra que jogar?
Iniciado em 2009 a partir de uma parceria entre pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), a Rede Social de São Carlos (programa para o desenvolvimento social promovido pelo SENAC), o Nosso Lar (instituição de atendimento a crianças e adolescentes sem fins lucrativos) e a Prefeitura Municipal, o projeto desenvolve-se em duas frentes principais: a remanufatura de computadores obsoletos para posterior venda ou doação a escolas e organizações sociais, e a capacitação de pessoal especializado em montagem e manutenção de computadores (entre outras funções inerentes à remanufatura).
Com isto, o projeto propõe-se a responder simultaneamente a demandas emergentes como a proteção ambiental, a formação profissional e a inclusão digital, visando o horizonte da sustentabilidade.
Infelizmente, nem sempre é possível restaurar os equipamentos doados ao projeto Recicl@tesc.
Neste caso, após “desmanufaturar” os computadores, ou seja, desmontá-los e separar suas peças, estas são vendidas a firmas especializadas (e devidamente certificadas) que se ocupam da extração e recuperação de materiais, entre os quais metais preciosos como o ouro, a prata e o cobre. Realizado de acordo com tecnologias compatíveis com os princípios da sustentabilidade, este processo também promove a economia de recursos, além de poupar os custos socioambientais decorrentes da extração dos minérios diretamente da natureza.
Atualmente, o Recicl@tesc vem buscando maior projeção no mercado regional da reciclagem de computadores, com a finalidade de garantir a sustentabilidade financeira do projeto e de fortalecer suas funções socioambientais.
Pelo link www.reciclatesc.org.br, os leitores e potenciais doadores podem acessar o ambiente do projeto e encontrar informações valiosas sobre as atividades desenvolvidas, os postos de coleta e o regulamento para a doação de equipamentos.